O presidente da Associação dos Armadores de Pesca (Apesc) afirmou, hoje, em São Vicente, que o novo acordo de pesca entre Cabo Verde e a União Europeia não defende os interesses do arquipélago.
Suzano Vicente refere-se à renovação do acordo de pesca entre Cabo Verde e a União Europeia (UE) divulgada quarta-feira, 24, e que vai permitir que 56 navios de pesca de Portugal, Espanha e França acedam às águas cabo-verdianas até o ano de 2029.
Para o representante dos armadores nacionais, o setor das pesca é um crucial para o desenvolvimento de um “Cluster do Mar” em Cabo Verde. No entanto, afirma que os sucessivos governos têm falhado nas políticas adotadas e, os resultados têm ficado muito aquém das expectativas, causando entraves no crescimento económico.
“Do ponto de vista dos Armadores Nacionais Armação Nacional, o acordo é como um copy paste dos documentos anteriores”, afirmou Vicente, que considerou ainda que esta não responde às aspirações da armação nacional, como querem fazer crer os governantes, que seria, no seu entender, potenciar a nossa armação, “de forma que pudéssemos também capturar na nossa Zona Económica Exclusiva, e também abastecer as nossas conserveiras”.
É precisamente por isso que o acordo existe, sustentou o presidente da APESC, defendendo que o país não tem capacidade de explorar os nossos recursos que existem, cerca de 40 mil toneladas. “Nós temos uma capacidade para capturar 15 mil toneladas, e temos um excedente de 25 mil toneladas, daí que está destinada à frota estrangeira”, reforçou.
Por isso, alega que a luta tem sido, ao longo dos anos, que é solicitar a possibilidade de que a frota nacional tenha também essa possibilidade.
Diz ainda, que os armadores nacionais gostariam de ver espelhado nestes documentos, a renovação do acordo de pesca, juntamente com a União Europeia, em que o Governo de Cabo Verde se compromete em potenciar a armação nacional, através do protocolo do acordo”, apontou.
Por seu lado, Abraão Vicente, questionado sobre este assunto, na conferência de imprensa, desta manhã, para falar sobre a renovação do acordo, reconheceu que a pesca semi-industrial não é a solução para aquilo que são as grandes ambições de transformação do setor pesqueiro.
“Se vermos o setor pesqueiro como responsável por cerca de 83% da nossa exportação através de apenas 3 indústrias, Sucla, Frescomar e Atunlo, nós vemos a possibilidade de aumentar este setor. Mas é preciso, de facto, enrubustecermos a nossa capacidade, não só em termos de pesca industrial, da frota da pesca industrial, mas também da nossa capacidade de transformação interna”, explicou.
E após a assinatura deste acordo, Abraão Vicente garantiu que haverá uma reunião com os armadores de pesca em Cabo Verde para a retoma do projeto que já existe por parte da Associação de Armadores da Pesca de Cabo Verde.
E assegurou que o Governo está alinhado com aquilo que são as pretensões dos armadores de Pesca de Cabo Verde. ” A Cooperativa de Armadores de Pesca de Cabo Verde tem um projeto que é viável economicamente, a única questão é como financiar.
Portanto, afirmou que o único dilema existente, neste momento, é como financiar sem que os armadores, de facto, entrem como parte do investimento nacional. E após a assinatura deste novo acordo, eu creio que também cabe ao Estado cabo-verdiano compreender se, de facto, parte desta verba não deve ir diretamente para um cofinanciamento deste projeto que já existe na Cooperativa de Armadores de Pesca em Cabo Verde.
Elvis Carvalho