Após um interregno de sete anos, a Feira Agropecuária de Ribeira de Vinha, São Vicente, voltou a animar a comunidade local no último domingo, apesar dos obstáculos para a sua realização. O evento, aguardado com grande expectativa, contou com a participação de 17 feirantes locais e um visitante especial da Ilha de Santo Antão, atraindo aproximadamente 2000 pessoas ao longo do dia.
A retomada da feira foi marcada por inúmeros desafios, conforme relatou ao Notícias do Norte, Juvenal Gomes, Presidente da Associação Comunitária de Ribeira de Vinha. Conforme explicou, a retoma da feira foi com “muita luta, foi um acreditar de equipa, em primeiro lugar” e que começaram os trabalhos sem verbas.
“Tínhamos feito um projeto que não entrava no financiamento para sustentar a feira, então tivemos que esperar algum recurso para dar certo. Foi de quinta-feira para sexta-feira que apareceram duas empresas que nos patrocinaram”, avançou.
Mesmo com o apoio de última hora, a organização enfrentou dificuldades. “Apesar de termos realizado a feira no último domingo, ficamos por pagar depois alguns serviços que nos foram prestado”, disse, acrescentando que apesar das dificuldades, “no final tudo correu bem”.
O espaço destinado ao evento estava em condições precárias, exigindo reparos urgentes. “O espaço estava muito degradado e tivemos que focar em apenas algumas reparações para que pudéssemos realizar a feira e com isso superamos as expectativas”, acrescentou.
A seca prolongada afetou significativamente a participação de muitos agricultores e criadores de gado. “A maior parte dos agricultores de Ribeira de Vinha foram contactados para tomarem stands para poderem expor os seus produtos na feira, mas muitos recusaram por falta de produtos agrícolas”, destacou Gomes.
Segundo Juvenal Gomes, quem mais tem sofrido com a falta de chuva são as pessoas ligadas à pecuária, “pois não compensa alimentar os animais somente com ração animal”.
A exposição de animais também foi reduzida, justificando que “muitos estão a desistir da criação de animais, devido à falta de chuva e do preço da ração”.
Apesar das adversidades, a feira, sublinhou, foi um sucesso, proporcionando uma oportunidade valiosa para exposição e venda de produtos agrícolas, animais e derivados, além de oferecer uma experiência gastronômica com a culinária tradicional nas barracas de comes e bebes.
No entanto, a sustentabilidade do evento permanece um desafio. “O espaço ainda carece de melhorias para poder acolher de melhor forma os feirantes e os próprios visitantes. Infelizmente, a associação não tem verbas para este fim. Se foi difícil obter verbas para realizar a feira, imagine verbas para melhorias do espaço”, disse Gomes.
Devido à escassez de produtos e à baixa criação de gado, a feira, que anteriormente ocorria no último domingo de cada mês, vai ser realizada apenas três ou quatro vezes por ano. “Realizar esta feira todos os meses já não é viável neste momento”, concluiu Gomes.
A data da próxima edição ainda está por ser definida.
AC – Estagiária