A notícia sobre as praias urbanas da Laginha, no Mindelo, e da Quebra Canela, na Praia, que avançou que estão entre as mais contaminadas, com base num estudo académico, tem gerado alguma polémica, que envolveu, entre outros comentários nas redes sociais com post neste sentido e um artigo de opinião num jornal da praça, assegurando que as informações deste um estudo realizado no âmbito do curso de análises clínicas e saúde pública da Universidade Jean Piaget, não correspondem à verdade.
Em concreto, conforme o estudo, foi detectada a presença de ovos e cistos de parasitas patogénicos nas praias balneares de, pelo menos, quatro ilhas e recomenda a montagem de um sistema de vigilância apertada e uma estratégia coerente de limpeza das praias balneares.
Hélio Rocha, docente universitário, foi quem orientou o trabalho de pesquisa da estudante Andreia de Pina, afirmando que não se trata de uma afirmação. Mas, sim, dados científicos.
Docente da Uni-Piaget, Hélio Rocha é licenciado em Análises Clínicas e Saúde Pública, com doutoramento em Doenças Tropicais e Saúde Global, subscrevendo a tese da formanda.
O fotógrafo e ambientalista Guilherme Mascarenhas, defende que pode-se sim falar em poluição na Laginha, e que esta pode estar relacionada com os produtos que as empresas Cabnave e da Electra deitam na água e explica a sua tese, que poderá ser refutada ou não.
Conforme este promotores do Grupo de Apoio à Enseada de Coral da Laginha, São Vicente, diz que do lado da Electra pode-se falar de poluição no que diz respeito, ao despejo da “Salmoura” resultante do processo de dessalinização e também diz que uma vez por mês, mais ou menos, a empresa de dessalinização, despeja na praia, a água de limpeza dos oitos filtros. “São sedimentos altamente concentrados e que prejudicam a zona”.
Além destes produtos, fala também da poluição da baía, aquela que acontece na época das chuvas. “Temos toda esta bacia de Chã de Alecrim, Madeiralzinho, que quando chove arrasta todo tipo de coisas que estão nas ribeiras, bem como os esgotos que vazam para a laginha” e que segundo Guilherme Mascarenhas, podem ficar depositados no areal durante bastante tempo.
“As últimas chuvas caíram em setembro e o que posso dizer, já que mergulho e fotografo esta área, há já bastante tempo, é que estes sedimentos transportados pelas enxurradas, direcionados para a enseada de coral, ficam aqui por muito tempo”, explicou o ambientalista afirmando ainda, que, neste momento, na enseada de coral tem muito sentimento.
E que quando o mar fica bastante agitado, estes sedimentos acabam por ser transportados pela correnteza, para a área balnear, explicou Mascarenhas.
Guilherme Mascarenhas,a título de exemplo cita o caso da “Pedra Doca”, que segundo o mesmo, antes a água era bastante cristalina. “A água está a perder a sua mais transparência, temos corais a morrer devido ao lodo que encontramos no local, que é fruto dos sedimentos que a Electra despeja no local e que acabam por se concentrar no fundo do mar”, explicou.
Mascarenhas que diz ainda, que a salmoura não é boa para as espécies de corais, aliás para a espécie marinha, já que torna a água do local excessivamente salgada e os sentimentos por serem resultantes de muitos dias, afectam a qualidade da água deixando-a com uma cor mais escura.
Neste sentido, defende que é preciso fazer uma investigação mais a fundo, com uma analise mais cuidadosa para ter resultados, que possam, corroborar ou refutar o dito estudo, que acusa a laginha de ser uma das praias mais contaminadas do país. “É preciso fazer uma analise melhor para identificar os problemas e atuar. Não temos nenhum estudo a afirmar que os sentimentos enviados pela Electra e que se concentram na Enseada de Coral podem fazer mal à saúde.
E tendo em consideração os eventuais níveis de contaminação, defende que as autoridades devem solicitar a monitorização física, química e biológica permanente e cotidiana das águas da Baía do Porto Grande, neste caso particular da Praia da Laginha e o ecossistema da sua pequena enseada.
Contudo, apesar de considerar o estudo muito pertinente tendo em conta que as praias da Laginha e da Quebra Canela são muito frequentadas, refere que é preciso saber, também as datas e locais da Laginha em que foram recolhidas as amostras para reforçar ou não a hipótese de que a saída das chuvas na enseada de coral (em vez de sair mais para o mar, fora da enseada num local com maior hidrodinamismo) é um factor agravante para essa poluição.
Para Alexandre Novais, num artigo de opinião publicado recentemente com o título Atenção: Fake news “Praia da Laginha entre as mais contaminadas do país – Estudo”, questiona a veracidade do estudo, e sintetizando, com base, segundo o mesmo, em confrontações com técnicos da área, e autoridades na matéria, afirma que a praia da Laginha está entre as praias urbanas menos poluídas do país e os níveis de contaminação das suas águas (presentes tal como em todos os mares) estão totalmente compatíveis com a sua utilização enquanto praia balnear e local de lazer para as pessoas.
De acordo com o empresário mindelense, as realidades descritas no trabalho não correspondem à realidade.
EC