O Grupo Carnavalesco Monte Sossego entrou na Rua de Lisboa com muita garra e mostrou que está disposto a brigar novamente pelo título de campeão conquistado no último carnaval, em 2020, antes da pandemia da covid-19.
Com o enredo O Povo das ilhas “ainda” quer um poema diferente para o povo das ilhas, baseado no poema de Onésimo Silveira, o grupo fez uma apresentação irreverente e mostrou o porquê de serem os atuais campeões do carnaval de São Vicente, que possui uma estrutura e uma zona apaixonada que a revalidar o título de campeão do carnaval de São Vicente.
De ano para ano, o grupo tem elevado o carnaval da ilha a um novo patamar e este ano não foi diferente. Com uma comissão de frente que faz referência a várias profissões, com destaque para o Guardião Onésimo, com suas facetas e dimensões, dividido em três sectores, trabalho, energia e educação, o segundo, melhor saúde e educação, e por fim Vida e obra, do poeta, diplomata, político Mindelense, bem representado na história criada pelos carnavalescos João Brito e Valdir Brito.
Vários foram os destaques positivos desta noite, a começar pelo enredo, muito elogiado antes do carnaval, e que acabou surpreendendo pela forma como os carnavalescos trabalharam e o colocaram nas ruas e seu entrosamento com a música Djôdjôn ca ta vergá do compositor – Constantino Cardoso e da bateria do mestre Edir Brito.
O conjunto visual impressionou pela riqueza no acabamento das vestimentas e nos três carros alegóricos que Monte Sossego levou para as ruas.
Vale destacar ainda a criatividade na apresentação de cada elemento, o que mostra o esforço do grupo em ajudar o carnaval da ilha a crescer, conforme o presidente António Duarte, ‘Patcha’, no final do desfile.
“Apresentamos uma estética e uma plástica diferente, uma envolvência e uma energia fora do comum desde de inicio, desde que apresentamos o enredo” apontou Patcha.
A criatividade de Monte Sossego andou à volta de ateliês próprios, daqui da ilha de São Vicente que trabalharam toda a plástica, indumentária e fantasias. Tudo o que viram no desfile foi criado por artistas locais. Nada veio de fora, garantiu o responsável do grupo.
Diz ainda que a pretensão do grupo era exatamente o que se viu nas ruas, um desfile de energia. “Agora vamos aguardar serenamente a apreciação dos jurados sobre todos os trabalhos apresentados aqui hoje”, referiu
O desfile do Monte Sossego uniu a técnica com emoção e conquistou o público que soltou gritos de “é nosso”, referindo-se ao título de campeão do carnaval de São Vicente.
O Grupo Flores do Mindelo trouxe como enredo “Renascer num voo”, em que retratou o voo turbulento da Fênix, que depois de tantas dores, cargas e de faces oportunistas,
acaba por entrar em combustão e transforma-se na Ave do Fogo.
Uma representação feita em oito alas, e três andores com um número abaixo do esperado em termos de foliões. Contudo fizeram a festa e acabaram por conquistar alguns aplausos.
Em 2020 o grupo ficou em quarto lugar, este ano tenta ir ainda melhor neste ano com um desfile inspirado em suas tradições e no passado. Para um dos membros da direcção conseguir colocar o desfile nas ruas foi um sacrifício, e que tentam de todas as formas conseguir e parabenizou o novo formato da festa do Rei Momo, com novos horários e sistema de identificação.
O Cruzeiros do Norte, que estava agendado para entrar em terceiro, acabou por ir para o lugar do grupo Estrela do Mar, que não conseguiu posicionar- se, posicionar e arrancar acabou por ficar em terceiro.
Apresentando o enredo “Tres Cosa Sab na Vida – Amor, Saúde e Dinheiro”, assinado pelo carnavalesco Fernando Morais (Noia), retratou a influência e importância destas três coisas na vida das pessoas. A agremiação terminou sua apresentação com mais de uma hora, bem aclamada pelo público.
Após o desfile o carnavalesco, fez questão de deixar de uma pequena defesa e citação de onde veio a inspiração para o enredo e a música do Carnaval 2023, demarcado de qualquer suspeita de plágio, sabendo que sempre citamos em nossa sinopse que a música espanhola “Tres cosas hayen la vida: salud, dinero y amor” é a nossa fonte de inspiração.
Com três sector divididos por 14 alas, o grupo apresentou um desfile, que acaba por ser uma satira e leva as pessoas pensarem no que seria de nós, os seres humanos, sem essas três coisas. Mais do que nunca, estão dentro da atualidade das nossas vidas.
Já o Estrelas do Mar, apresentou o Planeta Terra, conhecido, também, por Planeta Azul, onde a narrativa do enredo desenvolve-se sob duas perspetivas: uma teleológica, pois orienta-se para um fim, inevitável graças às ações dos homens de boa vontade e os deuses do bem e a outra escatológica, dado por um “etapismo”, momentos da evolução da trama, em que o narrador se situa no fim da História da Humanidade, contando-nos as suas fases até ao momento final, vendo realizado o plano concebido pelas forças do bem, situadas nadimensão divina da história imaginada e contada.
O desfile foi constituído por um bloco que representa os três momentos que compõem o enredo. O primeiro que mostra as atividades naturais, o segundo momento tem a ver com as consequências nefastas das ações inconsequentes do homem sobre a natureza.
Já o terceiro momento apresentado, acabou por ser a reconstituição do clima, pela ação dos homens de boa vontade, orientados pelos deuses de boa vontade, em que tritão é o
coordenador.