Faltam apenas 10 dias para o desfile oficial dos grupos carnavalescos de São Vicente. No entanto, o principal obstáculo que tem sido motivo de preocupação é a questão dos materiais para a confecção de trajes e construção de andores.
Após alguns anos sem o carnaval mindelense, eis que a retoma acarreta ainda alguns problemas, neste caso a ausência de materiais nas lojas locais, e não só, para abrilhantar os foliões e as principais figuras de destaque do desfile.
Em reportagem da Inforpress, o director de Carnaval do Grupo Cruzeiros do Norte, Nuno Gonçalves, afirmou que a dificuldade na aquisição de materiais é transversal a todos os grupos. Isto porque, explicou, com a pandemia da covid-19 e a crise internacional, além da subida de preços dos produtos, houve um “ruído na informação que deixaram os proprietários das lojas chinesas com a percepção de que não haveria Carnaval em 2023” e, por isso, “não trouxeram os produtos”.
Este responsável acrescentou ainda que o grupo enviou duas pessoas para adquirir materiais em Dacar e nas lojas na cidade da Praia, mas colocam as expectativas na chegada de um carregamento, proveniente do Brasil, e transportado pela TAP, que já se encontra em Lisboa (Portugal) e que deverá chegar esta sexta-feira a São Vicente.
Segundo Nuno Gonçalves, depois de receber esses materiais, o grupo Cruzeiros do Norte terá que “apertar a mão” nos trabalhos, nos estaleiros e nos ateliês de costura, para finalizar os trabalhos e não deixar que o problema afecte o desfile que pretendem apresentar.
O director de Carnaval defendeu, por isso, que após o término do Carnaval 2023, os grupos devem sentar-se à mesa para definir redes, pensar nos materiais para o Carnaval seguinte.
O mesmo sugeriu, por isso, que depois do Carnaval se faça uma reunião da Liga dos Grupos Oficiais, os próprios grupos, o Governo e a Câmara Municipal de São Vicente, para repensarem outros mercados para aquisição de materiais, que poderão ser “mais baratos do que o Brasil”, tais como Portugal, China, Índia e Senegal e também para “definir prioridades e ver o timing de execuções que podem servir para o Carnaval 2024”.
Quem também tem passado pelas mesmas dificuldades é o grupo Flores do Mindelo que, segundo a presidente, Ana Ramos, não consegue encontrar os materiais de costume em São Vicente.
“As coisas estão muito caras, há muitos produtos que não estamos a encontrar aqui e estamos a improvisar e a tentar superar para ver como vamos para o terreno no dia do desfile. A maior parte dos grupos tem coisas ainda a chegar de fora, muitos deles são materiais para as roupas das figuras de destaque como porta-bandeiras, rainhas, e materiais para os andores”, avançou Anda Ramos, realçando que a chuva que caiu na noite de quarta-feira afectou materiais nos estaleiros e construção de alguns carros alegóricos.
Este problema é transversal aos outros grupos, conforme relatou os presidentes dos grupos carnavalescos Monte Sossego, António Duarte, e Estrela do Mar, Fernando Fonseca, este último que revelou que a falta de materiais está a deixar o grupo “esgotado”.
Este ano, o desfile oficial do Carnaval de São Vicente, no dia 21 de Fevereiro, vai arrancar a partir das 18:30, fruto de um acordo entre os grupos e a Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval de São Vicente (LIGOC-SV) e câmara de São Vicente para a mudança do horário do desfile. Isto, apoiando-se na ideia de que “o espetáculo será favorecido pelas luzes artificiais nocturnas, o que o fará brilhar ainda mais”.
A Escola de Samba Tropical, como de costume, fará o seu desfile na noite de segunda-feira, 20 de Fevereiro.
De acordo com informações divulgadas pela Ligoc-SV, a concentração dos grupos será na Praça Dom Luís e Avenida Marginal e o desfile começará na Rua de Lisboa, segue pela Avenida Baltazar Lopes da Silva, Travessa Cadamosto, Praça Amílcar Cabral (Praça Nova), Avenida 5 de Julho, Rua Cristiano de Sena Barcelos e a dispersão será na Avenida Marginal.
C/Inforpress