Os cidadãos da África Ocidental, ocupantes da piroga que deu à costa na ilha da Boavista poderão regressar aos seus países de origem nos próximos dias. A informação foi avançada pela representante da Agência da Nações Unidas para Migrações, garantindo que as autoridades nacionais cabo-verdianas estão a trabalhar no processo em articulação com as embaixadas do Senegal e da Guiné-Bissau e com a própria OIM.
Kelita Gonçalves, em entrevista à rádio pública, adiantou que as autoridades senegalesas já se disponibilizaram a enviar um avião militar que irá recuperar os seus cidadãos, apoiá-los no retorno de volta à casa.
“Estamos a ver de uma forma igual para que os guineenses possam também regressar a casa… Quanto aos restantes ainda não há certezas”, informou.
Questionada se haveria a possibilidade de o Senegal apoiar também no retorno desses cidadãos de outros países, a representante disse não descartar essa possibilidade, mas “é certo que haverá ainda uma coordenação que tem que ser feita, sobretudo com esses outros países diretamente”.
Continua sobre a mesa, o retorno dos 90 cidadãos aos seus países de origem, mas, explica a chefe do escritório de Organização Internacional das Migrações, que ficar em Cabo Verde é algo impossível, levando em conta dois aspetos.
“Nós temos que considerar dois aspetos: são cidadãos de origem africana, estão no espaço da CEDEAO e segundo é que o destino final não era Cabo Verde, mas ambicionam vida e condições melhores em um outro país”, apontou.
Recorde-se que estes cidadãos chegaram a Cabo Verde na madrugada de domingo, 15 de Janeiro, após uma tentativa falhada de pisar a Europa, estando 25 dias à deriva.
Kelita Gonçalves descarta a possibilidade de se estar perante um caso mal sucedido de tráfico de pessoas. “Poderá sim haver entre os migrantes vítimas de tráfico humano mas isso só se pode afirmar após a triagem”, disse.
Conforme a responsável, as informações até agora apuradas apontam para “contrabando de imigrantes” que é basicamente auxílio a emigração irregular. “São contrabandistas que têm barcos completamente informais e que usam estes barcos para lucrar, apoiando pessoas a tentar seguir o percurso para Europa via marítima”, explicou.
C/RCV