Aos 20 anos, Diego Pires está dando uma nova vida às peças de roupa como jeans esquecidas, transformando-as em modelos únicos e desejados. Natural da Ribeira Bote, São Vicente, mas atualmente residente em Cruz João Évora, Diego diz que adquire os jeans de pessoas que já não os usam mais para customizá-los com desenhos e costuras criativas.
Em entrevista ao Notícias do Norte, contou que a ideia é fazer com que as pessoas voltem a usar essas peças com um “toque diferente”.
A paixão de Diego Pires pela customização começou na adolescência, uma fase que ele descreve como “de rebeldia”. Diego Pires enfrentava dificuldades na relação com a mãe e na escola, e começou a customizar suas próprias roupas como uma forma de expressão.
Com o tempo, amigos começaram a pedir que ele trabalhasse nas roupas deles também, e Diego percebeu o potencial de seu talento. “Vi que os resultados eram bons e comecei a mostrar os meus trabalhos nas redes sociais,” relembrou este jovem.
Desde novembro do ano passado, Diego tem se dedicado integralmente à customização de roupas, conciliando essa atividade com um emprego que ele já possuía, pois não concluiu o ensino secundário.
Este sanvicentino frequentemente trabalha até tarde da noite para atender aos pedidos dos clientes. “Quando comecei a desenvolver meu trabalho eu já tinha um emprego. Eu tive que conciliar o trabalho com esta atividade que para mim foi uma renda extra,” contou Diego.
Hoje, a customização de jeans permite que Diego se sustente e more sozinho, tornando-se financeiramente independente. Explica que os clientes muitas vezes sugerem o que desejam para suas peças, mas quando não têm ideias, ele usa sua própria criatividade.
“Neste momento estou com muitos clientes e meu objetivo é transformá-lo em uma empresa e expandi-la para outras ilhas, talvez até fora de Cabo Verde”, revelou.
Além da moda, Diego Pires vê seu trabalho como uma contribuição para a sustentabilidade e destacou que a customização evita que as pessoas descartem peças de roupa, reduzindo assim a poluição.
“Jeans é uma peça muito desvalorizada… e eu quando faço o trabalho na peça estou a dar uma outra vida à peça. A pessoa não precisa descartar a peça para o lixo, o que já é uma poluição para o meio ambiente,” afirmou.
Diego também enfrenta desafios na obtenção de materiais específicos que muitas vezes não estão disponíveis no mercado local. Mesmo assim, ele continua investindo em seu projeto, acreditando no potencial de diferenciação das suas criações.
Ele tem um público-alvo bem definido com adolescentes e jovens que querem estar bem vestidos com peças diferenciadas. “Meu maior desafio é surpreender as pessoas porque temos que ser sempre inovadores, pois as pessoas não gostam de coisas iguais, repetitivas,” explicou.
Gerenciar a parte financeira foi um desafio no início, mas Diego agora se sente mais confiante nessa área e vê um bom lucro em sua atividade, com a expectativa de crescer ainda mais. “Passei por muitas coisas na vida e agora quero fazer algo que me faça destacar, algo que valorize meu esforço, minha criatividade e meu dom,” conclui.
AC – Estagiária