A União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) considerou hoje “estranha” a decisão do Governo em decretar “tardiamente” a situação de contingência em São Vicente em decorrência das chuvas e disse esperar “não haver intenções políticas escondidas nesta decisão”.
A preocupação da UCID foi manifestada pela deputada Zilda Oliveira, em declaração política. Durante o debate dessa declaração política, afirmou que a declaração da situação de contingência para a ilha de São Vicente em decorrência das chuvas de Setembro foi uma grande surpresa para os são-vicentinos.
A surpresa, de acordo com a deputada, prende-se com a exposição de motivos, salientando que não houve nenhuma estrada cortada em São Vicente, mormente estradas nacionais e nem mesmo os acessos ao porto e ao aeroporto foram obstruídos e que a reacção “tardia” e o valor financeiro em causa para se justificar esta resolução declarado situação de contingência é no mínimo “estranha”.
“Segundo um deputado do MpD o valor rondará os 50 mil contos. Estamos perante várias nuances que precisam ser devidamente esclarecidas sob pena de existirem outras interpretações que poderão criar no espírito dos são-vicentinos um sentimento perverso quanto à utilização, pelo Governo, de situações graves, guardados para determinados momentos para serem utilizadas como arma de arremesso e defesa política em determinadas situações”, declarou.
A ser esta interpretação, prosseguiu, o povo de São Vicente poderá reagir de forma “contundente”, mostrando ao MpD e ao Governo que as desgraças vividas por uma parte dos são-vicentinos não podem e nem devem ser utilizadas para uma mera teatralização política.
Segundo a deputada da UCID, apesar de as chuvas terem trazido ganhos para a agricultura trouxe alguns problemas para os agricultores e que não será novidade que a cidade e os arredores foram fustigadas por uma grande quantidade de enxurradas e lamas que acabaram por criar um grande caos ambiental e de salubridade nesses mesmos espaços.
“Perante a situação vivida, entendemos que membros do Governo com responsabilidade na matéria declarem o estado de contingência em São Vicente, mas a declaração deste mesmo estado de contingência, deve merecer por parte das autoridades a disponibilização de todos recursos financeiros e materiais necessários para se repor o tecnicamente aceitável”, acrescentou.
Lamentou, no entanto, que com esta declaração e a forma como ela é feita, a UCID não vislumbre qualquer possibilidade de melhorias do saneamento que vem, ano após ano por altura da queda das chuvas, atormentando a ilha de São Vicente.
“Fosse o Governo nesses seis anos e meio de mandato, um Governo amigo de Cabo Verde e de São Vicente, teria tomado algumas medidas nas chuvas caídas anteriormente e que como se lembra provocaram maiores estragos, isto para não falar de outras ilhas que os estragos foram maiores e que segundo consta não há planos de contingência para as mesmas”, disse.
“Esperamos não haver outras intenções políticas escondidas até porque segundo o documento foi aprovada pelo Conselho de Ministros no dia 04 de Novembro”, concluiu.
C/Inforpress