Com apenas 22 anos, Michel Lima sempre se mostrou resiliente às dificuldades da vida. Estagnar nunca foi seu forte. Por isso, desde a sua adolescência sentiu-se na obrigação de arranjar formas de ganhar o seu próprio sustento, colocando esforço em cada oportunidade que aparecia. Conhece Mindelo e arredores da cidade como ninguém. Antes de passar pelo serviço de entrega de refeições, muito fez, conta este jovem.
Desde os 19 anos, Michel Lima faz entregas de refeições e é mais conhecido por seus clientes de “Boizin de catxupa” ou simplesmente “Catxupa”. Educado e de sorriso fácil, este jovem nasceu na Cidade da Praia.
Estudou até ao sexto ano de escolaridade, e devido às dificuldades encontradas pela frente começou a trabalhar na construção civil, de seguida passou a vender ovos, e depois a vender verduras. Tudo antes de completar 18 anos.
“Eu sei que eu já não iria estudar, logo procurei também outra atividade para fazer. Então comecei a vender cachupa na rua para o pequeno almoço. Eu me associei a uma senhora que se mostrou disponível em confeccionar a cachupa”, contou.
Por questões pessoais, teve que parar com as vendas e decidiu enveredar, seguida pela venda de almofadas confeccionadas por outro rapaz. De sol a sol vendia o que podia.
“Por ganhar consoante aquilo que vendia, vi que o valor arrecadado era insuficiente para pagar despesas já que eu morava com a minha mãe”, disse.
No entanto, a ideia de voltar a vender cachupa nunca foi esquecida. Daí que mais uma vez voltou à atividade, mas desta vez foi morar por conta própria.
Por ser muito conhecido por todos foi-lhe confiado novamente ao serviço de entrega de pequeno almoço (cachupa) e almoço. E a ideia é associar-se às senhoras que fazem a confeção dos pratos e fazer crescer o negócio.
“Pensamos ir mais longe neste serviço na possibilidade de uma sociedade e investir mais. Quero ir com a ideia muito mais adiante”, garantiu Michel que acrescentou que o que pode às vezes ser um desafio são os preços dos ingredientes que estão sempre a ser alterados.
Mas a vontade de fazer dar certo é maior do que as dificuldades. “Sou jovem e não posso parar, tenho que estar sempre a fazer algo. As pessoas dizem que estou sempre a trabalhar com pessoas diferentes. Mas o que não quero é estar sem fazer nada”, afirmou.
Neste momento, avançou, o que arrecada é suficiente às necessidades básicas. E com isso também tem familiares na diáspora que lhe envia produtos de beleza para vender e liquidar outras dívidas
“Gosto desta atividade porque penso que isso ajuda-me a superar momentos difíceis. Estar em contacto com pessoas mesmo nos dias difíceis ajuda-nos por algum momento a esquecer os problemas”, expressou este jovem.
AC – Estagiária