O espetáculo “A 20 de Novembro”, segundo sinopse, o autor Lars Norén dá voz a um jovem de 18 anos, Sebastian Bosse, prestes a invadir a escola onde estudou com o intuito de fazer um massacre.
A companhia portuguesa, Teatro Gíria apresenta o espetáculo “A 20 de Novembro” nos dias 24 e 25 de Abril, no Centro Cultural do Mindelo, em São Vicente, com entrada livre. O texto é originalmente de um autor sueco, a história é alemã, e a encenação é portuguesa.
Apresentado pela primeira vez em 2020 e após quatro apresentações, esta é a estreia da peça internacionalmente e conforme o encenador Rodrigo Aleixo, este é um espetáculo complexo.
“É um espetáculo que aborda as questões do bullying, do suicídio jovem, da violência nas escolas e alguns problemas de educação. E por isso também acharmos que seria importante trazê-lo aqui ao Mindelo, primeiro pelo impacto cultural que a cidade tem e depois também por sabermos que no continente africano ainda existem umas taxas elevadas de suicídio jovem e de desprezar problemas como a depressão e outros problemas psicológicos que os jovens têm”, explicou Rodrigo Aleixo.
Um projeto que mergulha na vivência do personagem, da violência na escola, entre outras coisas e que a cada “mergulho” no texto percebe-se que pode acontecer a qualquer pessoa.
“Aconteceu ao Sebastian como podia ter acontecido a mim ou a qualquer outra pessoa. E acho que nesse sentido é um texto que pode ser muito impactante para jovens”, apontou o ator Francisco Lopes, que revelou que no fim do espetáculo, segue-se uma conversa com o público.
Sobre a apresentação em si, Rodrigo Aleixo, classifica-o como “duro”. “Um espetáculo que aborda as questões sem grandes floreados, portanto, é muito direto”, onde o personagem confronta o público, confronta as suas famílias, confronta o papel da educação, como está presente.
O dramaturgo sueco pesquisou extensivamente o massacre de 2006, lendo o diário do jovem, as publicações no seu website, e assistindo ao vídeo que Sebastian fez antes do tiroteio. Neste monólogo, dolorosamente honesto e implacável, o jovem fala da violência verbal, física, e psicológica de que foi vítima, do ódio pela escola, do conceito de liberdade que, para ele, não passa de mera ilusão, e do sentimento de não pertença.
Neste texto, a meio caminho entre o manifesto e o solilóquio, desenvolve uma teoria política para justificar o que está prestes a fazer, enquanto revela as feridas mais íntimas.
Os professores são apontados como o principal alvo deste atentado uma vez que, segundo Sebastian, nada fizeram para impedir que ele fosse maltratado pelos colegas. Neste espectáculo o jovem está num limbo constante entre o contar e o reviver, e o acusar e o procurar respostas.