Morreu o escritor e filólogo Moacyr Rodrigues. O gentleman, o mussin d’Soncent. Hoje a alma mindelenses está mais rica, mais nobre, mais culta, se é verdade que quando o corpo parte a alma fica. E se a alma não morre, Mindelo só perdeu o corpo do eterno Mussin d’Soncente, pois se havia alguém que emanava a alma mindelense esse alguém era Moacyr Rodrigues. Nas palavras, nos gestos, nas ações, na obra que fica e sobretudo nas recordações de quem aprendeu com ele a amar Soncent, a valorizar a morna, no tempo da viração da história quando quiseram assassinar a morna. Se há vida além da morte, se há reencontros num outro plano, hoje B’Leza vai agradecer ao menino que viu crescer na Rua do Matadouro Velho tudo o que ele fez pela morna e por Soncent que “nos tud tem na peito” . Hora di bai é triste, certeza mais certa que temos. Obrigado Moa! See you my dear!
Nascido na cidade do Mindelo, ilha de S. Vicente, Cabo Verde, a 9 de abril de 1933 Moacyr Rodrigues iniciou, em 1957 o curso de Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa que continuaria, depois, em Coimbra.
Em 1985 conclui o curso de Línguas e Literaturas Modernas (Inglês/Português) pela Universidade Clássica de Lisboa.
O percurso académico de Moacyr Rodrigues prossegue em 2003 quando obtém um Mestrado em Relações Interculturais pela Universidade Aberta do Porto, na área de Antropologia Visual e, depois, em 2010 obteve o Mestrado em Ciências Musicais — Etnomusicologia na Universidade Nova de Lisboa e em 2015, doutorou-se na mesma área pela mesma universidade.
Moacy Rodrigues foi igualmente professor. Em 1999 começou a lecionar no ensino superior em Cabo Verde, onde ensinou disciplinas de Língua e Cultura Cabo-Verdiana e Portuguesa, Antropologia Cultural e História, Cultura e Património, entre outras. É autor de vários livros e alguns artigos publicados em revistas de diversos países.
Moacyr Rodrigues foi um dos maiores defensores da elevação da Morna à categoria de Património Cultural Imaterial da Humanidade.