Pelo menos 74 pessoas morreram na sequência de um naufrágio ocorrido ao largo da costa da Líbia, divulgou hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM), informando ainda da existência de 47 sobreviventes.
“Elementos da OIM relataram um terrível naufrágio que fez hoje pelo menos 74 mortos ao largo de Khuma, na costa da Líbia”, informou a agência da ONU num comunicado.
Os sobreviventes resgatados foram levados para terra pela guarda costeira líbia e por pescadores, de acordo com a OIM.
Até ao momento, 31 corpos foram recuperados e “as buscas por outras vítimas prosseguem”, disse a mesma entidade.
Este naufrágio ocorreu na rota do Mediterrâneo Central, encarada como a mais mortal, que sai da Argélia, Tunísia e Líbia em direção à Itália e a Malta.
Nos últimos dois dias, 19 pessoas, incluindo duas crianças (nomeadamente um bebé de seis meses), morreram afogadas na sequência do naufrágio de duas embarcações nesta rota migratória, informou também a OIM, que especificou que o navio humanitário “Open Arms” da organização não-governamental (ONG) espanhola Proativa Open Arms — o único a operar atualmente no Mediterrâneo Central – salvou um total de 200 pessoas em três operações de resgate.
Desde o início do ano, pelo menos 900 migrantes morreram afogados no Mediterrâneo quando tentavam alcançar às costas europeias, referiu a OIM, mencionando que em certos casos estas pessoas morreram porque os meios de socorro chegaram tarde de mais.
Mais de outras 11.000 pessoas foram devolvidas à Líbia, “correndo o risco de estarem expostas a violações dos direitos humanos, detenção, abusos, tráfico e exploração”, concluiu o comunicado da agência da ONU, liderada pelo português António Vitorino.
A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.
Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muhammar Kadhafi em 2011, a Líbia tem sido igualmente um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes.
As denúncias sobre as condições desumanas e as violações dos direitos das pessoas mantidas em centros de detenção de migrantes na Líbia também são frequentes.
Por Lusa