Deputado do PAICV diz que aumento das tarifas dos transportes marítimos vai “estrangular economia” de Santo Antão e São Vicente

21/04/2023 17:21 - Modificado em 21/04/2023 17:21

 deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), João do Carmo, disse hoje que o aumento das tarifas dos transportes marítimos inter-ilhas vai estrangular a economia de Santo Antão e de São Vicente.

O eleito pelo círculo de São Vicente fez estas considerações, em conferência de imprensa, na Gare Marítima do Porto Grande, no momento em que atracou o navio Chiquinho BL, da CV Interilhas, proveniente de Santo Antão, com apenas cinco carros de mercadorias, contrariamente ao que se verificava antes do aumento da tarifa, de 5.400 escudos para 15.250 escudos, por viatura.

Antes da entrada em vigor da nova tabela, de acordo com números divulgados pelo porta-voz dos condutores das carrinhas de Santo Antão, e, sobretudo nos dias de maior movimento, às segundas, quartas e sextas-feiras, entre 40 a 50 viaturas faziam a viagem.

Para João do Carmo, se se mantiver esta decisão, o Governo “estará a pôr em causa a economia destas duas ilhas” e a “estragar a linha que sempre funcionou bem” em Cabo Verde, com “pontualidade, previsibilidade e qualidade”.

“Chamei a imprensa para que pudéssemos constatar o impacto do aumento das tarifas, principalmente para as mercadorias. Pudemos ver que praticamente o barco veio vazio, foram cinco carrinhas e nós temos dados que confirmam que estes, que viajaram hoje, compraram as passagens antes do aumento das tarifas. Portanto, a nossa preocupação prende-se com o impacto que isso terá nos produtos agrícolas em São Vicente e no impacto que terá nos produtos de Santo Antão”, declarou.

Segundo o deputado, “ainda não se sente”, mas, “muito brevemente”, as pessoas de São Vicente e de Santo Antão “irão notar um aumento exponencial no preço dos produtos”.

“As pessoas daqui de São Vicente irão ter o aumento exponencial dos produtos agrícolas, verduras e frutas, e as pessoas de Santo Antão irão ter um aumento exponencial de praticamente todos os produtos, já que o comércio dos produtos circula daqui de São Vicente Santo Antão”, considerou.

A mesma fonte relançou que o poder de compra dos cabo-verdianos “complica-se a cada dia” porque “há mais pobres e pessoas com mais dificuldades de levar a panela ao lume” e o Governo “não se preocupa com os cabo-verdianos”.

João do Carmo disse não compreender “como é que o Governo decide contra os cabo-verdianos”, pelo que voltou a chamar a atenção ao Executivo para “arrepiar caminho e parar com essas decisões” que “prejudicam os cabo-verdianos”.

“Desde o início, quando se lançou o concurso internacional para a concessão do transporte marítimo em Cabo Verde, constatamos que o processo foi malconduzido, o Governo decidiu pôr de lado os armadores nacionais, simulou um concurso internacional que, na realidade, foi um ajuste directo porque a empresa já estava escolhida e os cabo-verdianos já notaram isso”, lançou o político.

O deputado acusou, igualmente, o actual Governo de “engavetar um estudo”, feito pelo Governo do PAICV, que recomendava a diminuição das tarifas nesta linha marítima por considerar que se tratava “de uma linha rentável” e que se deveria “provocar o aumento do turismo interno”.

“Uma das primeiras decisões deste Governo foi a extinção da Agência Marítima e Portuária (AMP), em 2016, e a AMP é que tinha as condições técnicas de decidir sobre esta matéria. A conclusão do estudo aprofundado era de redução do preço de passagem e das tarifas exclusivamente nesta linha. Já se estava na fase da consulta pública, perdemos as eleições, e quando o Movimento para a Democracia (MpD) chegou ao Governo engavetou esse estudo”, finalizou João do Carmo.

Inforpress

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