O Ministério Público comunicou hoje abertura de instrução criminal contra Gil Évora e Carlos Anjos, após as denúncias que teriam se deslocado à Venezuela com a missão de encetar contactos com Nicolás Maduro, enquanto alegados emissários de Cabo Verde.
Em comunicado divulgado hoje, o Ministério Público referiu que, ao tomar conhecimento da notícia veiculada nos órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros, que dá conta da deslocação de dois cidadãos cabo-verdianos à República Bolivariana da Venezuela, alegadamente com a missão de encetar contactos com o Presidente daquele país, enquanto emissários do Governo, assim como do comunicado do Governo de Cabo Verde alegando não ter enviado ninguém nem qualquer missão ao mencionado país, determinou a abertura de instrução criminal.
Em causa estão, segundo a mesma fonte, factos susceptíveis de, por ora, integrarem a prática de um crime de usurpação de autoridade cabo-verdiana, previsto pelo artigo 312º do Código Penal e punido com a pena de prisão de 1 a 5 anos de prisão.
Só que Gil Évora, ex-PCA da EMPROFAC, emitiu um comunicado onde nega ter estado no Palácio Presidencial da Venezuela, ou envolvido em alguma missão como enviado do governo de Cabo Verde. Gil Évora esclarece que estava a fazer um trabalho de consultoria para a equipa de advogados de Alex Saab, durante as suas férias como PCA da EMPROFAC. Acha que não havia colisão de interesses, mas aceita que o governo tenha tido outro entendimento que levou à sua demissão.
Em termos práticos não será difícil provar se Gil Évora esteve ou não com o Presidente da Venezuela ou se usurpou funções num caso quem tem mais de teoria de conspiração do que factos.