O Governo brasileiro iniciou na quarta-feira uma mega operação de combate ao narcotráfico e crimes ambientais, colocando 8500 militares na fronteira da Amazónia com quatro países.
Os militares, aos quais se reúnem cerca de 100 agentes civis, foram posicionados na fronteira com a Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. A operação Ágata 4, que pretende reforçar a presença do Estado numa das regiões mais remotas do Brasil, destacou ainda onze navios, nove helicópteros e 27 aviões.
A operação militar – que abrange os estados brasileiros do Amazonas, Pará, Amapá e Roraima – tem como objectivo identificar casos de tráfico de droga e de pessoas, pistas de aterragem ilegais e desflorestação ilegal. “Nas próximas semanas, tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica vão patrulhar uma área com 5000 quilómetros entre a foz do rio Oiapoque e o município de Cucuí, no estado do Amazonas”, segundo um comunicado do Ministério da Defesa brasileiro.
Este ministério adiantou ontem que já foram identificadas, pelo menos, dez pistas clandestinas utilizadas para aterragens e descolagens de aeronaves ao serviço de garimpeiros, nas reservas indígenas no estado de Roraima. Duas delas deverão ser destruídas.
A operação, considerada a maior acção conjunta das Forças Armadas, terá ainda fins sociais, nomeadamente de apoio às populações afectadas pelas cheias do rio Negro e afluentes. Está a caminho um hospital de campanha da Força Aérea para prestar apoio aos moradores na região de Manaus.
Os países vizinhos já mostraram preocupação perante a perspectiva de intensa movimentação de tropas. O chefe de Estado Maior Conjunto do Ministério da Defesa, José Carlos de Nardi, garantiu que esta não é uma demonstração de força e que equipas de diplomatas visitaram os governos vizinhos para explicar as manobras. “Fui à Venezuela, à Guiana e ao Suriname para explicar o sentido da operação [de combater a criminalidade do lado brasileiro da fronteira]. Não é um problema de defesa da pátria”, disse Nardi ao jornal A Folha de São Paulo.
A operação Ágata 4 faz parte do Plano Estratégico de Fronteiras, lançado em Junho de 2011 pela Presidente brasileira Dilma Rousseff e já teve três operações semelhantes, realizadas no Centro-Oeste e no Sul, no ano passado. O Governo prevê realizar mais duas ainda durante 2012.