O comprometimento com a minha ilha ou a minha preocupação no desenvolvimento e bem-estar da minha gente, não se mede pelo nível de ataque ao Governo da República, com toques de populismo e irresponsabilidade, e muito menos pelo nível de ataque à capital da República.
Praia Maria não é dos “badios” lá da “badiolandia”. Praia Maria é a nossa capital, minha capital enquanto mindelense convicto, capital do José, homem santantonense de corpo e alma, e Capital do Manuel, bravense de gema e por aí vai.
No entanto, não discutiremos neste fórum o Estatuto especial, constitucional, da Cidade da Praia, que não foi aprovado. Destacaremos sim o estatuto especial para São Vicente, a Zona Económica Especial Marítima em São Vicente, que já foi aprovado, e que já conta com parcerias externas e o engajamento de vários atores relevantes, tendo em vista a construção duma visão partilhada de desenvolvimento da ilha de São Vicente. Ademais, a referida visão prevê uma integração das economias das ilhas de Santo Antão, São Nicolau e de Santa Luzia, através da exploração das complementaridades entre essas ilhas e São Vicente e o desenvolvimento integrado e coordenado das quatro ilhas, de acordo com as especificidades de cada uma.
Numa visão de longo prazo, o estatuto especial de São Vicente, ZEEM-SV, define o setor portuário, as pescas e aquacultura, a reparação e construção naval, turismo e energias renováveis, como sectores estratégicos do desenvolvimento, transformando a ilha numa plataforma logística marítima de referência na região central do Oceano Atlântico para transbordo de cargas e contentores, processamento, comercialização e distribuição de produtos do mar e um destino turístico com notoriedade internacional, envolvendo os setores públicos, privados e a sociedade civil. Por outro lado, também serão priorizados, sectores complementares, como a infraestruturação, ambiente, educação, saúde, brindada com um planeamento espacial e sua respetiva gestão.
A vocação marítima da ilha de São Vicente é clara e complexa, como também é complexa a tão desafiante missão de reatribuir a esta ilha a importância que sempre teve nas diferentes relações transatlânticas, como um dos pilares incontornáveis para o crescimento económico e desenvolvimento sustentável.
Tudo isto devolverá a São Vicente:
E cumprir com esta missão requer uma adequada conjugação entre uma atitude de grande dinamismo na interpretação e aproveitamento das oportunidades em torno da zona económica especial marítima, para identificar caminhos, responder ao presente e participar, com entusiasmo, na rentabilização do Mar para Cabo Verde, através da ilha de São Vicente.
Com isso, serão criadas um conjunto de políticas e um quadro de benefícios e incentivos especiais para o investimento, estabelecimento e atividade na ZEEM em São Vicente, particularmente no que se refere:
Medidas propicias à atração de investimentos, ao crescimento económico, à maximização de posto de emprego e consequente aumento de rendimento das famílias.
São Vicente será um palco de inovação na construção naval, de produção e a utilização de energias renováveis, de implementação da aquicultura, do reforço e modernização das infraestruturas portuárias e de pesca, de logística portuária nas rotas transatlânticas, da criação de sinergias entre o turismo e o mar, e de consolidação do sistema de transportes marítimo nacional e, por fim, uma plataforma incontornável no sistema de transportes marítimo internacional. O ZEEM-SV, ou seja, o estatuto especial para São Vicente, colocará a nossa ilha no centro da atividade económica de e para o mar, restituindo a nossa importância histórica e inquestionável que sempre tivemos na criação de riqueza do País.
Vander Paulo Silva Gomes