Carnaval de São Vicente sem Rainha de bateria –Porque jurados acharam que era chique premiar as quatro

14/02/2024 20:58 - Modificado em 15/02/2024 12:33
As candidatas a Rainha de Bateria do carnaval 2024: Leidy Silveira – Milla Diogo – Andreia Gomes – Wendy Silva

O concurso de Rainha de bateria do carnaval de São Vicente não possui critérios de desempate. Uma situação, que não é novidade, em termos de empate a nível dos prémios individuais.

Quem não se lembra de 2018, quando houve um empate entre duas baterias, do Cruzeiros e Monte Sossego e foi feito um sorteio no local, para tirar a sorte e Cruzeiros do Norte foi o vencedor, portando a LIGOC-SV não pode afirmar que não há critérios de desempate, se esta não é a primeira vez que caso do tipo acontece. E não deveria acontecer.

O anúncio do prêmio de rainha de bateria do carnaval de São Vicente 2024, um dos mais aguardados prêmios individuais do evento, que é realizado em concurso para decidirem quem foi a melhor, com mais samba no pé, carisma e outros, ficou aquém do esperado.

Inédito e inacreditável, que um concurso para decidir a melhor fica por isso mesmo. E assim acaba por desvirtuar aquilo que seria a conquista de uma das quatro. Afinal trabalharam dias a fio para conseguirem dar ao público um espetáculo digno do posto.

Mas não, os jurados pegaram no enredo dos Cruzeiros do Norte, a “Dona Matemática” e, em vez de descomplicar, acabaram por complicar ainda mais as coisas. Não souberam ou não quiseram somar, apenas deixaram como estava e que as concorrentes decidiram por si mesmas dividir.

E como não era este o objetivo, em jeito de protesto as candidatas deixaram o cheque de 130 mil escudos para a organização do carnaval, que fizesse o que bem lhe entendesse, e abandonaram o palco sob fortes aplausos do público que gostou da postura. “Não se pode ter quatro Rainhas de bateria. É um concurso e têm que escolher uma”, atirou os espectadores e presidente dos grupos.

Aliás, são os presidentes dos grupos que são responsáveis por definir os critérios de desempate, já que são eles que compõem o Conselho Deliberativo da LIGOC, conforme o presidente da liga, Marco Bento.

E reiteramos que esta situação não é novidade, porque há um precedente e não podia voltar a acontecer. Desculpas à parte, se quiserem falar de seriedade no carnaval, é preciso que conheçam o regulamento, este tem que ser claro. Sem sombra de dúvidas e sem complicar a matemática, assim somam-se as pontuações e ganha, quem for a melhor, ou quem os jurados considerarem, baseando no regulamento, que são os melhores, ou melhor, a nível individual.

Cada uma deu de si durante o seu desfile e Primeiro, porque na hora do anúncio, todas foram chamadas para o palco para receberem a decisão. Depois, a forma como foi anunciada pelo apresentador, que não soube tratar a questão com maior sensibilidade. Todos os presentes, inclusive as concorrentes, ficaram incrédulas ao ouvirem, em tom menos sério, que não havia vencedora.

A posição foi unânime. Ganha apenas uma e ponto. Não se pode ter todas como vencedoras já que os jurados preferirem se “acovardar” e fazer o que não se pode fazer num concurso. Dividir o prémio. Aí está, mais uma vez, a matemática a ser chamada e, do outro lado, a genética do cabo-verdiano em ação, “ma casta de raça é ess ham”, porque não é um jogo do baralho e muito menos um “Je T´aime”, em tradução literal um “eu te amo”.

Milla Diogo, Leidy Silveira e Andreia “Brodjinha” Gomes dizem que dividir o prémio não entra na cabeça de ninguém e que deveriam decidir um vencedor. “É injusto. É preciso ter critérios de desempate e não aceitamos o prémio para ser dividido, para ficarem bem na fotografia”, atirou Milla Diogo, que estranha a probabilidade, não impossibilidade, de todas ficarem com os mesmos pontos.

Andreia Gomes defendeu a mesma posição. “Tinha ter uma vencedora, senão fica algo meio estranho”, atirou a jovem, que reconheceu que não importa quem vença, mas era preciso ter uma vencedora e desta forma, mesmo que não agradasse ficariam cientes que cada uma lutou, contudo como ficou, sentiram que o júri não teve capacidade de decidir.

Leidy Silveira segue na mesma linha foi taxativa ao concordar que todas são dignas vencedoras por aquilo que fizeram nos desfiles, no dia do carnaval. Do contributo dada. “Mas se tem uma premiação e um título, ela deve ser entregue a uma só e ponto”, desabafou a jovem que concorreu pela primeira vez.

Já Wendy Silva, optou pelo silêncio como forma de protesto. Sem comentários, foi o que disse a campeã do ceptro do carnaval de 2023.

O presidente do Estrela do Mar foi mais longe e afirmou que o prêmio não foi entregue da forma como deveria ser, propositadamente.

“Sejamos claros, não queriam dar o prêmio a candidata do Estrela-do-mar, porque sabiam que ela ia destronar uma rainha e deixar a outra sem possibilidades”, considerou o responsável do grupo que afirma, sem sombra de dúvidas que Milla Diogo merecia, mas os jurados fizeram a avaliação que lhes convém.

EC

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