Adevic quer que braille seja incluído no currículo do ensino superior sobretudo para profissionais da educação

4/01/2024 11:41 - Modificado em 4/01/2024 11:41
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 O presidente da Adevic manifestou hoje o desejo do braille ser incluído no currículo do ensino superior, sobretudo, para os que enveredam pela área da educação, como forma de aumentar a aprendizagem do braille a nível do país.

Marciano Monteiro falava à Inforpress no âmbito do Dia Internacional do Braille, que hoje se assinala, tendo apontado como principais constrangimentos do ensino do braille a falta de recursos, ou seja, de materiais específicos que normalmente são encomendados de fora por não existirem no mercado nacional.

Uma outra luta, apontou, tem sido o trabalho na área de formação a nível do braille para colmatar o “grande défice” de técnicos qualificados para responder às demandas a nível do país, de modo que apelou que o ensino do braille seja incluído no próprio currículo das universidades.

“Porque infelizmente não temos recursos e quem pode nos dar o melhor suporte é o próprio Governo”, disse, apelando para que o braille seja incluído, sobretudo para os que enveredam para a área da educação e mesmo para as pessoas que vão para outras áreas, e que não têm deficiência visual, como forma de contemplar o maior número de pessoas cegas e também de facilitar o atendimento público.

Segundo argumentou o presidente da Associação dos Deficientes Visuais de Cabo Verde (Adevic), no atendimento público, por exemplo, há a necessidade de se comunicar e o braille é igualmente um meio de comunicação, tendo admitido que o trabalho não é muito fácil, mas acredita que com força de vontade juntos conseguirão ultrapassar estes desafios.

“A nossa luta tem sido muito na procura de financiadores através de projectos, e graças a Deus temos tido alguns apoios, nomeadamente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias, com algum suporte financeiro para compra de materiais que os estudantes deficientes visuais usam”, assegurou.

Sozinho, lamentou, a Adevic não consegue dar respostas, avançando que a ambição é também chegar a estudantes com deficiência visual nas outras ilhas, nomeadamente, São Vicente, Sal, São Nicolau, uma vez que esta organização é de âmbito nacional, apesar de estar mais centrada na Cidade da Praia, devido a falta de recursos.

“No nosso centro temos três professores, mas a nível geral o Ministério da Educação também tem estado a ministrar formações de curta duração, mas isso ainda é muito pouco por aquilo que o braille exige e não garante a resposta cabal”, afirmou.

Entretanto, Marciano Monteiro diz que a Adevic está aberta à sociedade, aos interessados na aprendizagem do braille porque entende que a inclusão não é só de dentro para fora, mas também de fora para dentro.

“Então, é chamar as pessoas que estão de fora para entrarem também no mundo da escrita e leitura do braille, para que, de facto, possamos interagir da melhor forma possível com as outras pessoas que não têm deficiência visual”, esclareceu.

Para o Dia, deixou uma mensagem apelando aos jovens e crianças com deficiência visual a interessarem muito mais pelo ensino do braille, e que encarem a sua aprendizagem com serenidade, sustentando que hoje em dia há uma outra valência que são as novas tecnologias, mas que nunca vão substituir o braille, e sim complementá-lo.

O Dia Mundial do Braille assinala o nascimento de Louis Braille, o criador do sistema de leitura e de escrita Braille, que permite, através do toque, facilitar a vida das pessoas invisuais e a sua integração na sociedade.

O sistema consiste em combinações de seis pontos em relevo, que permitem a representação do alfabeto, números e simbologias científicas, fonética, musicográfica e informática, garantindo que pessoas alfabetizadas neste sistema tenham acesso a informações diversas.

Inforpress/Fim

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