Ex-presos políticos partilham suas memórias e vivências no ex-campo de Concentração do Tarrafal

2/05/2023 18:41 - Modificado em 2/05/2023 18:41

Os antigos presos políticos Arlindo dos Reis Borges, de 85 anos, e Luís Furtado Mendonça, de 80 anos, partilham hoje as suas vivências e memórias no ex-Campo de Concentração do Tarrafal com os alunos desse município santiaguense.

A conversa aberta foi promovida pelo Instituto do Património Cultural (IPC), no âmbito do 49° aniversário do encerramento do Campo de Concentração do Tarrafal, assinalado na segunda-feira, 01, que teve como palco o também Museu da Resistência do Tarrafal, situado na localidade de Chão Bom.

Na conversa aberta, os dois antigos presos políticos, naturais da localidade de Cabeça Careira, no município de Santa Catarina, lembraram a luta política clandestina em Cabo Verde, do dia 18 de Agosto de 1970, em que foram presos pela PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado – polícia política portuguesa) e das torturas psicológicas sofridas durante quatro anos no antigo Campo de Concentração do Tarrafal.

Conforme contaram, a tortura era psicológica, onde alimentam mal, tendo em conta, que segundo ele, a comida era servida “podre”.

“Hoje, não obstante as torturas psicológicas sofridas não temos dúvidas de que valeu a pena termos lutado pela independência de Cabo Verde”, exteriorizaram os dois antigos presos políticos e admiradores de Amílcar Cabral.

Por fim, estes dois antigos presos políticos santa-catarinenses afirmaram que querem ver o antigo Campo de Concentração do Tarrafal classificado como património mundial da humanidade antes de morrerem.

Por sua vez, a directora dos Museus, Aleida Aguiar, informou que além dos dois antigos presos políticos participaram ainda nessa conversa aberta mais dois combatentes da liberdade da pátria de Santa Catarina que vão igualmente partilharam um “bocadinho” das suas memórias e das suas vivências no antigo Campo de Concentração e na luta pela independência de Cabo Verde.

“Hoje resolvermos trazer dois antigos presos políticos e dois combatentes da liberdade da pátria para partilharam um bocadinho das suas memórias, da sua vivência, como foi estar encarcerado no campo de concentração do Tarrafal, como é que foi ver a sua liberdade ser retirada e como é que foi lutar pela nossa independência e pela nossa liberdade (…)”, explicou a responsável.

Ajuntou que pretendem com esta iniciativa recolher e partilhar as memórias destes antigos presos políticos e combatentes da liberdade da pátria, que considerou “grandes homens”.

Na ocasião, lembrou que o Museu da Resistência do Tarrafal, o mais visitado do País, preserva a memória não só dos presos políticos cabo-verdianos, mas também dos que passaram por ali, desde os portugueses numa primeira fase e numa segunda fase antigo presos políticos africanos, nomeadamente angolanos, guineenses e cabo-verdianos.

FM/HF

Inforpress/Fim

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