São Vicente: Adeco diz que aumento das tarifas atende às reclamações dos armadores e deixa de lado os consumidores

21/04/2023 17:20 - Modificado em 21/04/2023 17:20

A Associação para Defesa do Consumidor (ADECO) de Cabo Verde contestou hoje o aumento das tarifas dos transportes marítimos, face à atual conjuntura, e considerou, entre outros pontos, que a medida pretendeu atender às reclamações dos armadores.

Em nota enviada ao Notticias do Norte, o secretário e membro do conselho directivo da Associação para a Defesa do Consumidor (Adeco), Nelson Faria, afirma que a associação, emitiu um parecer consultivo e não vinculativo sobre o assunto, não negando a legitimidade e legalidade do Governo a nível da atualização de tarifas, “mas a nossa perspetiva é que foi feita para atender às reclamações dos armadores e à alegação do Governo de aumento e de segurança da frota, e não tendo totalmente em conta qual é a real situação dos consumidores”.,

De acorod com a organização não-governamental, os consumidores cabo-verdianos estão a atravessar um momento difícil, com redução dos rendimentos e aumento do custo de vida, logo a disponibilidade de aceder a serviços de transportes é limitado e condicionado por isso.

“Somos um país arquipelágico, as pessoas precisam de transportes marítimos interilhas”, salientou a mesma fonte, enfatizando ainda as reclamações dos consumidores em relação aos serviços.

“Ora, não tendo um serviço de reconhecida qualidade, esse aumento, neste momento, é duplamente penalizador para os consumidores”, disse ainda Nelson Faria, para quem a atualização poderá vir a aumentar o nível de insatisfação relativamente ao serviço.

“Neste contexto e na realidade do país, neste momento nós somos contra”, concretizou o membro da ADECO, que foi consultada e manifestou essa sua posição no parecer enviado ao Ministério do Mar.

Nelson Faria frisou ainda que a ADECO desconhece a existência de estudos que estão na base dos aumentos, insistindo que foram motivados pela análise dos armadores.

O aumento de 80% abrange os turistas, atividade que representa 25% do Produto Interno Bruto de Cabo Verde, e os cidadãos nacionais que não residem no arquipélago.

Sobre isso, chamou a atenção para casos de cabo-verdianos com dupla nacionalidade e para como será feita a diferenciação sobre se é residente ou não.

“Vai aumentar a insatisfação e o sentimento de exclusão e de não pertença de alguns cidadãos cabo-verdianos”, alertou.

Depois do parecer enviado ao Ministério do Mar, Nelson Faria avançou à Lusa que a ADECO vai continuar a publicitar a sua posição, embora reconheça a necessidade de haver a diferenciação de preços entre nacionais e estrangeiros.

Apelou à responsabilidade social, voltando a sublinhar a conjuntura “extremamente difícil” por que passam os consumidores cabo-verdianos e entendendo que, a haver aumentos, deveriam ser menores e noutro contexto.

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